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O tempo que a gente arruma

Menina Aleatória, Por Anna Domingues, Escritora

Em 03/02/2025 às 09:46:26
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Eu sei que a vida anda uma correria. As rotinas de trabalho, as horas no transporte público e os compromissos que se acumulam. A gente se vê, no final do dia, esgotado, querendo mais é cair na cama e deixar o mundo girar sem a gente. É difícil achar espaço para mais alguma coisa quando o tempo parece ser um bem cada vez mais escasso, quando cada segundo é consumido pelo trabalho, pelo trânsito, pelos atrasos, pela exaustão.

Mas, no meio desse turbilhão, uma verdade se repete: quem quer estar com você, arruma tempo. E isso não é um conceito bonito ou um clichê romântico. É uma constatação dolorosa e libertadora ao mesmo tempo. Porque, quando alguém realmente quer, aquele minuto perdido no metrô ou as duas horas de engarrafamento são apenas pequenos detalhes diante da vontade de compartilhar um momento.

A vida é uma coreografia estranha entre querer e poder. A gente costuma arranjar desculpas para tudo aquilo que não conseguimos fazer, mas, na verdade, é só uma questão de prioridades. Vejo que, quando a vontade é genuína, o relógio parece se acomodar ao desejo. As horas não são mais inimigas, mas aliadas, como se elas mesmas soubessem que estamos comprometidos com algo que vale a pena.

A gente costuma dizer que não tem tempo, como se o tempo fosse uma coisa que foge da gente. Mas no fundo, sabemos que o tempo, na verdade, é uma escolha. Quem quer estar com você, arruma tempo. Não importa quão cheia a agenda seja, quantos compromissos, quantos “não dá” ou “agora não posso” você escute. Quando alguém realmente quer, o tempo se ajeita, se encaixa, se transforma.

Eu, por exemplo, tenho essa mania de querer estar com as pessoas que amo, mas sempre me vejo arrumando desculpas para não fazer isso. “Estou sem tempo,” me flagro dizendo. “Estou cansada demais essa semana”, justifico. O trabalho se arrasta por horas, o trânsito parece uma eternidade, a rotina é um borrão de compromissos. E, no meio disso, o desejo de ver as pessoas que amo fica cada vez mais distante, como uma promessa que nunca se cumpre. Mas, no fundo, eu sei que, se realmente quisesse, faria o tempo se abrir. Eu arrumaria tempo, assim como quem encontra uma brecha na agenda para um cliente importante. Porque é isso que o tempo é quando se trata de quem importa: uma questão de prioridade. Então, nesse ano novo, tomei a decisão de encontrar minhas amigas pelo menos uma vez ao mês — é o segundo mês do ano e ainda não falhamos — mas convenhamos, uma vez a cada trinta dias não é nenhum sacrifício, e, se fosse, valeria a pena.

Claro, eu sei que a vida não é simples. Não se trata de desconsiderar a exaustão física, a sobrecarga mental, a impossibilidade de esticar o dia além do que ele pode. Mas, no fundo, a gente precisa entender que o tempo que dedicamos aos outros não é um luxo. Ele é uma escolha. E, quando alguém realmente quer, a distância que o transporte impõe, os quilômetros que se percorrem, o cansaço que se acumula no corpo, nada disso impede o encontro. Porque, no fim das contas, quem quer, arruma tempo. Mesmo que seja só um café rápido depois do expediente ou uma conversa à noite, depois do trabalho. O importante é estar ali.

É isso: o tempo é curto, a rotina é exaustiva, mas a verdade é que, no fundo, sempre arrumamos espaço para aquilo que realmente importa. E, quando alguém diz que “não tem tempo”, talvez a resposta esteja no silêncio entre as palavras: talvez não queira estar com você o suficiente. Porque quem quer, arruma tempo. E é esse o maior gesto de carinho que podemos oferecer uns aos outros no meio desse caos diário.

Até o próximo texto!

@portal.eurio

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